Ideias de amor numa roda de leitura
Café num copo compartilhado. “A natureza é uma
grande mestra”, disse Leo Buscaglia no livro Vivendo, Amando e
Aprendendo, abrindo, então, o fluxo energético do círculo de
leitura. Estávamos sentados no final da tarde de um sábado
qualquer, em Coqueiral, Aracruz – Espírito Santo.
Ideias de amor no fim do dia e doses de palavras
certas. Reinventar conceitos e significados. É possível transformar
o verbo maldoso com suavidade e delicadeza. Verbalizar é agir. Agir
no mundo. Amar também é verbo e palavras são espíritos, energias
– já dizia o Guarani no meio da floresta. Revolução gramatical.
Descolonizar o vocabulário. Novos fonemas.
“Palavras são para libertar!”, disse também
o livro. Mas porque se aprisiona? Quero doses de palavras certas,
afetuosas e integradoras. Queimar palavras na fogueira para nunca
mais serem ditas. Palavras cotidianas que invocam maldições. Quero
vida quando, de repente, surge uma poesia no livro:
só para satisfazer o seu egoísmo.
Nem posso me sentir contente quando você me critica por
não ter seus pensamentos,
ou por ver como você vê.
Você me chama de rebelde.
No entanto, cada vez que rejeitei suas crenças
você se rebelou contra as minhas.
Não procuro moldar sua mente.
Sei que você está se esforçando muito para ser só você.
E não posso permitir que me diga o que ser…
pois estou me concentrando em ser eu.
Aprender na escassez? Precisamos mesmo aprender
sentindo falta? Provocar dor e medo? Amor… deixa eu te conduzir
delicadamente de volta a si?
Podemos criar outro ego nessa página em branco
que nunca deixaremos de ser. Pode ser também um novo personagem,
novos rumos à história. É possível transfigurar o que disseram
sobre nós e que muitas vezes acreditamos. Afinal, foi mesmo o ser
humano que criou o tempo pra depois ser dominado por ele. A criatura
dominando o criador.
E são tantas palavras para nos definir. Sinto que
nenhuma delas me encaixa. Mas parece que o ser humano comum não sabe
lidar muito bem com a simplicidade, então ele classifica qualquer
coisa ao alcance de sua visão egocêntrica para que a realidade faça
sentido. O que não se encaixa na sua teia de crenças é considerado
ruim, mal, perigoso. Faz sentido?
Prefiro ser friamente amoroso porque o amor pode
ser dolorido. Mas quero lhe contar que seus rótulos não me dominam
mais. Seus rótulos apenas me provam o quanto o humano é
superficial. E eu só sou classificado como humano porque me disseram
e eu posso ser qualquer outra coisa. Eu sou um nada e reconheço
minha importante insignificância sobrevivendo em Gaia, ou planeta
terra… ou como queira definir.
Eu sou o início e o fim. A vida e a morte.
Palavras doces. Um som de pé. Um sopro vivo. Ventania. Causa e
efeito. Amor puro e cristalino. Criança. Flores. Frutos. Maré
cheia. Lua nova. Eu sou tudo e nada ao mesmo tempo. Abraços e
beijos. Esperança. Ternura. Um feto. Afeto. Feiticeiro.
A roda de leitura, ou círculo, ou como queiram chamar, é uma iniciativa para troca de afetividade/conhecimento por meio da leitura compartilhada no município de Aracruz. Momentos esses nos fazem ressignificar nossas vidas. O que vocês tem feito das suas vidas?
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